É com muita frequência que ouvimos oradores de esquerda, centro ou direita falar que devemos estar empenhados na construção de uma sociedade mais justa. Causa espanto ouvir tal discurso da boca de políticos que se auto proclamam socialistas ou comunistas. Ora, o raciocínio é muito simples, caso tivemos que eleger um caminho de luta por uma sociedade mais justa, estaríamos partindo do pressuposto que a sociedade vigente é justa. Como poderíamos chamar de justa uma sociedade que abrange sete bilhões de seres humanos e cerca de dois bilhões padecem na miséria? Como podemos chamar de justa uma sociedade onde as desigualdades chegam às raias do absurdo? Como poderíamos chamar de justa uma sociedade que nenhum respeito tem pelo meio ambiente e perpetra atentados contra a natureza, portanto, contra a vida? Não. Nesta sociedade não pode florescer nenhuma réstia de justiça. Nesta sociedade não haveremos de encontrar a paz que tanto desejamos, pois nela prospera, seja através das inúmeras guerras localizadas, seja através da violência no trânsito, ou seja, através do banditismo, a mais absoluta intranquilidade.
Desta maneira, cremos oportuno conclamar aqueles que se auto rotulam de comunistas e socialistas a voltarem-se para a luta contra esse sistema, que nada pode nos oferecer além de desgraças sociais. Conclamamos, esses senhores para se despirem das ilusões gradualistas, imaginando que passo a passo, nos limites do sistema, haveremos de galgar a libertação da humanidade dos grilhões do capitalismo. Somente a ruptura total que nos conduza à negação completa do sistema vigente é que poderá nos oferecer a oportunidade de conquistar um mundo de justiça e paz. Para essa luta, porém é desaconselhado qualquer vestígio de ilusões e fantasias, pois é somente isso que esse sistema pode nos oferecer, enquanto a realidade que nos aflige é marcada pela incerteza, a insegurança, a desilusão. Isso requer a construção de discursos que não se enredem pelos equívocos como este: por uma sociedade mais justa.
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